VERSOS ITINERANTES
Poema de Antonio Miranda
Viajar as terras-glebas
secas, casebres de palha,
calhas rangentes, tangentes de luz:
sol aberto, desertos,
luz em teus olhos.
Medir dorso de canoas
proas de navios, rios navegar.
Os trens vociferantes,
asfaltos escaldantes.
Há um mundo para os teus olhos,
para o celuloide dos filmes,
mais:
por ouvir e compreender,
mundo de escombros,
rombos,
de torturas e de fome.
Há um mundo de fausto
e de miséria, profundo claustro
e artérias, túmidas, sangue nas ruas
e o pão defendido a baionetas!
Publicado em “Classe Operária”, RJ.
Ilustração gerada por IA, por
Nildo Moreira, em 2025.
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